quinta-feira, 21 de julho de 2016

Os Mandamentos Incas


Entre os povos altamente desenvolvidos da América do Sul, estavam os incas. Sua forma de ver a vida fez com que pudessem lidar com muita riqueza sem perder a real noção de valor das coisas. Para eles, o destino era determinado pela fé e pelos valores nos quais baseavam a vida.

“Os incas possuíam, decerto, o mais organizado Estado que havia naquela época. O grande reino que realmente se expandia nas quatro direções do céu, somente se tornou assim tão grande devido aos povos que no decorrer do tempo se ligaram aos incas. Os próprios incas sempre permaneceram em minoria.
Todos os príncipes, reis e chefes de tribos enviavam seus filhos e filhas para as cidades incas, a fim de aprender o máximo que pudessem. E, se possível, descobrir o mistério que envolvia os incas.
Os incas eram realmente um povo extraordinário. Consideravam seus bens terrenos como se não pertencessem a eles, mas como propriedade da Terra. Diziam: ‘Todas as pedras, todo o ouro e todo o alimento vêm da Terra, nela permanecendo. Nem o mínimo grão de ouro pode ser carregado para além da Terra.’”
Com o olhar voltado para valores superiores e mandamentos que tratavam do respeito pela natureza e pelo próximo, os incas exerciam poder de atração e tinham como princípio o fato de que o ser humano é responsável por tudo o que o atinge.


sábado, 2 de julho de 2016

Festa da Batatinha

Sibélia Zanon


Em frente ao 
portão A6,
 a mãe e três 
crianças esperavam o
 embarque sentadas 
nas poltronas pretas. As 
crianças comiam batatinha chips, cada uma com seu saquinho. Ora sentavam, ora levantavam e passeavam ali por perto com as batatinhas nas mãos.
A menina mais jovem havia se libertado do par de tênis cor-de-rosa, que agora estava jogado embaixo dos assentos. Andava pra lá e pra cá com suas meias, igualmente cor-de-rosa. O menino, animado, apoiava o suco de caixinha no braço de um dos assentos, enquanto se servia de outra batatinha. A menina mais velha comia sentada.
A festinha não tinha nada de mal porque crianças têm a sorte de não ter vergonha de mostrar suas meias e, por isso, podem largar os tênis quando eles estão apertando o dedo mindinho. O mal, porém, estava nos rastros.
Não estamos falando de migalhas invisíveis, mas de rastros consistentes em vários assentos da sala de espera do portão A6. No balanço final podíamos contar: uma mãe, três crianças e cinco assentos sujos.
Na hora do embarque, o quarteto foi embora voando e deixou que as sobras da festinha contassem sua história para quem quisesse ouvir. Ou melhor, para quem tivesse que sentir.
Com a sala cheia, as vítimas foram se aproximando. Primeiro chegou um moço com a mãe de idade. Ele passou a mão nas duas cadeiras que usariam, afastando as batatas. Esfregou depois os dedos entre si, como se estivessem sujos.
Depois veio uma moça jovem e bem vestida. Ela abriu a bolsa e pegou um pacote de lenços descartáveis. Com um dos lenços, limpou a cadeira antes de se sentar.


O meu voo estava atrasado. Por isso, tive ainda tempo de pensar: se o filme fosse Corra Lola, Corra (Lola Rennt, 1998) poderíamos escolher uma nova versão para a história. Na minha nova versão, antes de embarcar, a mãe reuniria as três crianças, entregaria a cada uma delas um lenço de papel e as acompanharia na missão impossível de deixar os cinco assentos limpos, do jeito que foram encontrados, sem vestígios, para os próximos usuários. Qual seria a sua versão?